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Penso que foi surpresa para todos ver Facundo Ferreyra, primeiro na convocatória e depois como titular no jogo de ontem contra o Paredes. Isto porque, apesar de ter sido inscrito na Liga após não ter conseguido arranjar colocação no final do mercado, Jorge Jesus tinha afirmado que não contava com o jogador. Aliás, o treinador do Benfica esclareceu que apenas tinha o jogador a treinar com a equipa por uma questão de respeito para com o profissional, mas que não seria opção. Vendo-o integrado num jogo o primeiro pensamento foi que teria dado uma de Taarabt, reabilitado a vida e a vontade e que finalmente estava pronto para jogar.
Só que não.
Ferreyra mostrou tudo aquilo que tinha mostrado durante a sua primeira passagem pelo Benfica, na primeira metade da época 18/19 – um jogador desinteressado, triste, que parecia esconder-se no meio dos centrais da equipa adversária em vez de atacar a bola. Um jogador que não revelava toda a qualidade que tinha demonstrado no Shaktar Donetsk, onde foi o melhor marcador da Liga Ucraniana e que chegou ao Benfica cheio de honras, como o craque dos craques, a custo 0 mas a ganhar balúrdios. Achámos que tínhamos feito um negócio como o do Jonas e, como ainda havia Jonas, o Tugão ia ser um passeio. Íamos marcar tantos golos que íamos ser facilmente campeões lá para Março. Só que não foi nada assim.
Pouco depois do início do campeonato o nosso amigo Rui Pinto achou que ia ser divertido pôr o contrato do Ferreyra na internet, para o povo todo ver. E isso revelou que o jogador era o mais bem pago do plantel, apenas atrás do então capitão Luisão. E isso terá caído mal no balneário. Supostamente Jonas amuou e pediu para ganhar mais, Pizzi amuou porque é o Pizzi e Rafa e André Almeida amuaram por solidariedade. Sendo isto verdade ou não Ferreyra não parecia contente no Benfica, parecia infeliz em campo, parecia um homem deprimido. E não marcava. E não atacava. E não corria. E de repente fazia o Seferovic parecer um portento de jogador.
Acabou por sair em Janeiro, por empréstimo, para o nosso caixote do lixo que é o Espanyol. Deveria ser só para o jogador se adaptar melhor, sair daquele ambiente, recuperar a alegria de jogar e de viver ao marcar muitos golos numa equipa pequena e depois voltar para arrasar com o Tugão. Mas também não aconteceu. Ao final de uma época em que nunca se destacou levou com a concorrência de outro refugo nosso, o RDT, e nunca mais calçou. Os catalães recambiaram-no, o Benfica tentou empandeirá-lo para todo o lado e ninguém lhe pegou. O jogador terá dito também que não queria ser novamente emprestado, mas sair a título definitivo. O problema? O salário altíssimo. Ou se fazia um Zivkovic e aceitava reduzir substancialmente o vencimento ou então era um Zivkovic antigo e menos gordo e ficava no plantel a coçá-los. Que foi o que ele escolheu.
Eu fui daquelas pessoas que ficou contente com a vinda do Ferreyra. Achei que ia fazer uma dupla do caraças com o Jonas e ia ser rei no Tugão. E quando ele começou a não corresponder desculpei com a falta de integração. Com o mau ambiente que devia haver no balneário. Com um treinador claramente limitado que não conseguia fazer mais daquilo. E não digo que assim não tenha sido, porque bastou ver o que aconteceu com RDT. Mas esqueci-me de somar outro factor bastante importante – se calhar o gajo é mesmo fraco. Sim, fez uma grande época no Shaktar. Mas terá sido aquela época de tesão do mijo, aliada ao facto de a Ucrânia estar envolvida na Guerra da Crimeia (exactamente onde fica Donetsk) e ter um campeonato bastante limitado? Será que o rapaz só se dá bem no frio? Será que o rapaz só se dá bem com Paulo Fonseca e ambos terão tido um cruzamento de almas por causa de dificuldades de orientação? É que Paulo Fonseca nunca sabia onde estava a jogar e Ferreyra não sabe onde fica a baliza.
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Sei que ontem Ferreyra, ou Facundo como trazia na camisola, pode mudar o nome mas não mudou tudo o resto – e carimbou a sua saída do Benfica o mais depressa possível.
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